O governo federal enviou
nesta terça-feira (24) ao Congresso Nacional projeto de lei com diretrizes para
a Política Nacional de Ensino Médio, que propõe alterações no novo ensino
médio, aprovado em 2017.
O
projeto de lei ocorre após as mudanças no currículo dessa etapa de ensino terem
sido criticadas por entidades, estudantes, professores e especialistas.
A
proposta foi apresentada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e
representantes de conselhos e entidades educacionais ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em reunião na tarde desta terça-feira (24), no Palácio do
Planalto.
“A
proposta é fruto de ampla consulta e debate público, como devem ser os
processos democráticos. Na busca pelo consenso, o que nos une é a certeza de
que nossa juventude merece mais oportunidades, com ensino médio atrativo e de
qualidade”, disse Camilo Santana, nas redes sociais, após apresentar o projeto
ao presidente da República.
Veja abaixo o que prevê o
projeto de lei:
–
Retomada de 2,4 mil horas de Formação Básica para estudantes do ensino médio
sem integração com curso técnico. Atualmente, são 1,8 mil horas de formação.
–
Volta de todas as disciplinas obrigatórias do ensino médio – como sociologia,
filosofia e artes – incluindo língua espanhola em toda a rede no prazo de três
anos.
–
Redes de ensino poderão oferecer de forma excepcional a Formação Básica de 2,1
mil horas desde que articulada com um curso técnico de, no mínimo, 800 horas.
–
Definição de quatro Percursos de Aprofundamento e Integração de Estudos
Propedêuticos (itinerários). Cada percurso deverá contemplar pelo menos três
áreas de conhecimento
–
Cada escola terá de oferecer dois dos quatro percursos.
–
Construção de parâmetros nacionais para a organização dos percursos e
integração de estudos definindo quais componentes curriculares deverão ser
priorizados em cada um deles.
–
Vedação da oferta dos componentes curriculares da formação geral básica na
modalidade de educação à distância. A proposta é regulamentar a oferta dessa
modalidade em contextos específicos para os percursos.
–
Revogação da inclusão de profissionais não licenciados, com reconhecimento
notório saber, na categoria de magistério. Serão definidas as situações nas
quais esses profissionais poderão atuar, excepcionalmente, na docência do
ensino médio.
Entenda o novo ensino médio
Em
2017, foi aprovado o novo ensino médio, com objetivo de tornar a etapa mais
atrativa e evitar a evasão escolar.
Pelo
modelo, parte das aulas é comum a todos os estudantes do país, a partir da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios
estudantes podem escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. As
opções permitem ênfase nas áreas de linguagens, matemática, ciências da
natureza, ciências humanas e ensino técnico. A oferta de itinerários depende da
capacidade das redes de ensino e das escolas brasileiras.
A
implementação deverá ser feita de forma escalonada até 2024. Em 2022, teve
início a ampliação da carga horária (para cinco horas diárias) para os alunos
do 1º ano do ensino médio. Pela lei atual, as escolas devem ampliar a carga
horária para 1,4 mil horas anuais, o equivalente a sete horas diárias. Isso
deve ocorrer aos poucos.
No entanto, as mudanças foram alvo de diversas críticas, especialmente das entidades estudantis e de professores. O governo federal abriu, este ano, uma consulta em que foram ouvidos mais de 130 mil alunos, além de entidades de classe e governos estaduais, para reformular a política.