Um incêndio iniciado na
última quinta-feira (5) destruiu 10 mil hectares do Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros, em Goiás. De acordo com a administração da unidade de
preservação, a área atingida é ainda uma estimativa e fica entre o Paralelo 14
e a Cachoeira Simão Correia.
Em nota divulgada ontem
(7), a chefia do parque informou que ainda não sabia o que ou quem provocou o
incêndio, o que sinaliza que a unidade de preservação entende que pode ter sido
criminoso. Na mensagem, também destaca que, desde o começo o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o PrevFogo, do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
escalaram efetivos para ajudar a debelar o incêndio, junto com o Corpo de
Bombeiros Militar de Goiás. A expectativa era de que hoje fossem enviadas à
localidade duas aeronaves, o que a reportagem não conseguiu confirmar, já que
não teve sucesso nas tentativas de contato.
Um grupo organizado
pelo Polo de EcoCiências do Cerrado realizou hoje (8), pelo segundo dia
consecutivo, um mutirão para avaliar as condições da Reserva Privada do
Patrimônio Natural (RPPN) Campo Úmido Voshysias, em Alto Paraíso de Goiás,
próxima ao Parque Nacional. Assim como a RPPN Murundu, visitada neste sábado
(7) no mesmo município, o local foi afetado por um incêndio e precisou ser
examinado mais de perto, demandando também a retirada de espécies de plantas
exóticas invasoras.
A rede de combate às
chamas conta, ainda, com a Rede Contrafogo, que articula brigadas de
voluntários, e o Instituto Biorregional do Cerrado (IBC). Em um vídeo postado
nas redes sociais, Ivan Anjo, da Rede Contrafogo, compartilha informações sobre
outro ponto atingido por chamas, o lixão de Alto Paraíso de Goiás.
“Todo ano é a mesma
coisa. O lixão pega fogo sempre na mesma semana! Em 2021 foi no dia 7 de
setembro, 2022 foi dia 4 de setembro, em 2023 não teve (oh glória) e esse ano,
6 de setembro iniciado perto das 22h, enquanto ainda cuidavam do fogo no Pouso
Alto [também em Alto Paraíso]. Seria só coincidência? A prefeitura não se
organiza pra fiscalizar, vigiar e muito menos pra combater. Parecem gostar que
o lixão diminua seu volume todo ano pra ter menos o que administrar. Dezenas de
famílias tiveram que abandonar suas casas ontem devido a essa incompetência. Ou
seria maldade mesmo? O que você acha?”, diz o texto que acompanha o vídeo. Nos
comentários da postagem, moradores da cidade concordam com o brigadista e fazem
críticas à gestão municipal.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é um dos locais de preservação do Cerrado, conhecido como “berço das águas” e que, apesar disso, pode perder cerca de 34% do fluxo dos rios até 2050. De acordo com monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente este ano, até ontem (7), foram detectados 48.966 focos de queimada no bioma, que só perde para a Amazônia (79.175). A Agência Brasil tentou contato com o ICMBio, o Ibama e a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.