O aumento do número de
mortes por dengue na Bahia tem preocupado autoridades de saúde dois meses antes
do início do verão, quando os casos tendem a explodir. Entre janeiro e agosto
deste ano, o estado registrou 138 mortes, de acordo com boletim divulgado pela
Secretaria do Estado da Bahia (Sesab). O número é 11 vezes maior do que os
óbitos por dengue identificados no mesmo período de 2023, que foram 12.
A maior concentração de
mortes se dá na região sudoeste da Bahia, que registrou 80 óbitos nos primeiros
oito meses do ano. Fazem parte da localidade cidades como Vitória da Conquista,
Brumado, Itapetinga e Guanambi. Juntos, os municípios mais populosos da região
têm 34 mortes. Outros 20 óbitos estão sendo investigados, de acordo com o
Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde.
Na Bahia, já há
registro de transmissão de dengue em todas as cidades, sendo que 25 delas
decretaram emergência por conta da doença. Já são 63.732 casos identificados da
doença, um aumento de 159% em relação ao mesmo período do ano passado, quando
foram 24.564. “O aumento de casos amplia a possibilidade de complicações,
sequelas e óbitos pela doença”, informa a Sesab. Entre os principais sintomas
da doença estão febre alta, dor de cabeça e nos músculos.
Para
a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesab, Ana Claudia
Barbosa, o aumento no número de casos e de óbitos indica que a população e os
municípios não estão realizando as ações diárias básicas de eliminação de
possíveis criadouros do mosquito aedes aegypti. "Em relação aos
óbitos, os pacientes demoram a procurar a unidade de saúde, pois se
automedicam, agravando, as vezes, os casos e levando ao óbito", avalia.
Campanha
Na quinta-feira (19), a
Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) lançou a campanha Verão Sem
Mosquito, que prevê ações preventivas até março de 2025. A iniciativa inclui
bloqueio de logradouros com casos confirmados de dengue, com aplicação de inseticida
para eliminar os mosquitos na fase adulta. A capital não registrou mortes pela
doença neste ano.
A coordenadora do
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Isolina Miguez, explica que 455 escolas
serão fiscalizadas até o dia 6 de outubro, quando acontecerá o primeiro turno
das eleições. “Queremos deixar as escolas livres da proliferação de mosquitos.
De agora em diante, locais que tiverem grande concentração de pessoas serão
inspecionados e, caso tenha necessidade, faremos aplicação de inseticidas”,
diz.
Na esteira da
prevenção, o Ministério da Saúde lançou, na quarta-feira (18), um plano de ação
para redução dos impactos das arboviroses (vírus transmitidos por mosquitos,
como dengue, chikungunya e zika). A pasta anunciou o investimento de R$1,5
bilhão. A iniciativa busca reduzir a proliferação das doenças antes do início
do período mais crítico, a partir de 21 de dezembro. A combinação de chuvas e
altas temperaturas, no verão, contribui para a disseminação do mosquito.
Entre as medidas
anunciadas está a expansão do uso de estações disseminadoras de larvicida (EDL)
nas periferias brasileiras. A tecnologia funciona como uma “armadilha” de
atração das fêmeas do aedes aegypti que, ao pousar para colocar ovos, se
impregnam com o inseticida. O plano inclui, ainda, capacitação de
profissionais, gestão de estoques de inseticidas e insumos para diagnóstico.
A prevenção contra a
dengue deve incluir o cuidado para evitar acúmulo de água parada e vacinação. O
imunizante contra a doença é disponibilizado nos postos de saúde de Salvador
para crianças de 10 a 14 anos, que estiverem acompanhadas de representantes legais.
Principais sintomas da
dengue
Dor abdominal intensa
(referida ou à palpação) e contínua
Vômitos persistentes
Acúmulo de líquidos
(ascite, derrame pleural, derrame pericárdico)
Sangramento de mucosa
Letargia e/ou irritabilidade