O presidente Arthur
Lira (PP-AL) anunciou, nesta quarta-feira (11), durante um almoço com os
líderes partidários da Câmara dos Deputados, que apoiará a candidatura de Hugo
Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no Legislativo. A informação foi
confirmada pelo líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG).
Com a escolha, Lira
escanteia seu até então preferido, o líder do União Brasil na Casa, Elmar
Nascimento (BA). Membros do partido, inclusive, já falam que o presidente
da Câmara traiu o deputado baiano e que Elmar permanecerá na
disputa.
Pelas redes sociais,
Odair Cunha disse que Lira apontou o deputado o líder do Republicanos como um
nome qualificado para a construção da unidade na Casa. Ele ainda defendeu a
necessidade de consenso em torno de um único nome para evitar disputas secundárias.
“Quanto menos disputas
secundárias, melhor será para os interesses do Brasil. O importante é a união
em torno da aprovação de projetos relevantes que busquem o desenvolvimento
sustentável e beneficiem de forma ampla toda sociedade brasileira”, escreveu o
petista.
Odair ainda completou
que o nome de Motta passará pelo crivo da bancada do PT. Contudo, o líder do
Republicanos já recebeu o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
segundo o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Hugo Motta publicou, na
tarde desta quarta-feira, um registro do encontro na Residência Oficial da
Câmara. Ele não cita que foi o escolhido por Lira para a disputa pela sucessão
da Casa, e declara apenas que o almoço ocorreu no dia do aniversário dele.
“Recebendo o abraço do
presidente Arthur Lira e de amigos líderes no dia do meu aniversário. Relações
de confiança, diálogo, lealdade e muitas lutas diárias. Construir amizades e
parcerias verdadeiras é um compromisso que tenho, olhar no olho, dialogar em
harmonia e em prol do Brasil”.
As reviravoltas que
antecederam indicação de Lira
Amigo e aliado de Lira,
Elmar Nascimento atravessou os últimos nove meses, pelo menos, sendo tratado
como o favorito do presidente da Câmara para a eleição que acontecerá em
fevereiro. Em seu segundo mandato, Lira não pode se reeleger e, portanto,
articulava para um aliado ser eleito, mantendo a força política que exerce
sobre a Casa.
No início de agosto,
Lira indicou a interlocutores que informaria, publicamente, o nome de seu
escolhido para a sucessão até o encerramento daquele mês. A promessa não foi
cumprida. Após reuniões e encontros longe de Brasília, Lira optou pelo silêncio
e adiou a definição.
Nesse ínterim, na
terça-feira passada (3), o também candidato à presidência, Marcos Pereira
(Republicanos-SP), decidiu sair da disputa e declarou apoio ao correligionário
Hugo Motta (Republicanos-PB). O gesto bagunçou o tabuleiro da disputa e retirou
o favoritismo de Elmar Nascimento. Motta reúne em torno de si o aval do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente do PP, Ciro Nogueira
(PI).
Ele também é benquisto
pela bancada do PL, liderada por Altineu Côrtes (PL-SP), e tem feito acenos à
oposição para pavimentar o apoio desses deputados à candidatura dele. Os votos
do PL são tratados como primordiais para a definição da disputa, já que esses
deputados têm a maior bancada da Câmara — eles são 93 dos 513
parlamentares. Com a definição de Lira, o ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, devem confirmar o apoio da
sigla a Hugo Motta.
O abandono de Lira
impactou Elmar, que, apesar de acumular conflitos de posições com o governo e
ter declarado apoio aberto a Bolsonaro na última eleição, decidiu procurar o
Planalto para minimizar a rejeição à própria candidatura. Elmar esteve com o
ministro da articulação política do governo, Alexandre Padilha, nessa
terça-feira (10). Ele é respaldado ainda pelos ministros Celso Sabino, do
Turismo, e Juscelino Filho, das Comunicações, que cumprem a cota do União
Brasil na Esplanada dos Ministérios.
Em uma tentativa de ressuscitar o próprio nome na disputa, Elmar se uniu ao também candidato Antonio Brito (PSD-BA). Os dois acordaram que aquele que melhor se posicionar na disputa nos próximos meses continuará como candidato; o outro desistirá para apoiá-lo. Nesse acordo estão previstas trocas de favores e de cargos: um partido prometendo à outra lugar na mesa diretora da Casa.