O presidente do Bahia, Emerson Ferretti, fez
revelações sobre o período em que era jogador de futebol. Ex-goleiro, com
passagens por Grêmio, Flamengo e pelo próprio
Bahia, Ferretti é o primeiro mandatário assumidamente gay de um clube
brasileiro.
Em entrevista ao canal
TVE Bahia, Ferretti contou que, quando ele era jogador de futebol, passou anos
escondendo sua sexualidade, por conta da pressão do ambiente esportivo.
“O processo todo foi
muito solitário, desde a adolescência, quando comecei a perceber e entender a
minha sexualidade, sem poder falar com ninguém. Nem com a família, nem com os
amigos, e muito menos dentro do futebol. Foi realmente muito solitário”, relatou
Emerson Ferretti.
“Precisei esconder esse
fato durante minha carreira toda, para me preservar, preservar minha carreira,
para sobreviver no meio do futebol. Consegui isso, tanto é que joguei até onde
achei que deveria, aos 35 anos”, complementou o presidente do Bahia.
“Uma luz sobre o
assunto”
Emerson Ferretti
assumiu sua orientação sexual publicamente em 2022, durante entrevista a um
podcast. Hoje, ele
namora o bailarino Jordan Dafner. Ferretti destaca que revelou ser gay para
jogar um luz sobre o assunto no meio do futebol.
“Existem muitos gays,
não fui o único e todos eles precisam se esconder, e quando acontece isso com
qualquer pessoa de criar um personagem para sobreviver, é muito dolorido, é
sofrido […] O caráter, o talento, não se mede pela sexualidade, o fato de ser gay
não me impediu em momento nenhum de ser um goleiro que entregasse desempenho
nos clubes que joguei”, afirmou o dirigente.
O ex-goleiro revelou
também, que quando era jogador de futebol, teve que fazer algumas fazer algumas
renúncias em relação a vida pessoal. O dirigente, inclusive, precisou inventar
um noivado para fugir das cobranças e das perguntas sobre relacionamentos.
“Era um discurso que às
vezes era necessário porque existia uma cobrança social muito grande em relação
a namoro, casamento, a uma presença feminina do lado. Infelizmente tínhamos que
usar esse discurso, era uma das formar que tínhamos para nos protegermos.
Muitos atletas gays acabam inclusive casando para afastar qualquer suspeita
sobre a sexualidade deles. Isso é muito triste, ter que representar o tempo
todo”, disse Emerson Ferretti.