No final de junho, o Pleno do Tribunal de Justiça do
Estado da Bahia (TJ-BA) afastou os juízes de Porto Seguro Fernando
Machado Paropat Souza, titular da 1ª Vara dos Feitos Relativos às Relações de
Consumo, Cíveis, Comerciais e Registros Públicos; Rogério Barbosa de Sousa e
Silva, titular da Vara da Infância e Juventude e Execução de Medidas Sócio
Educativa; e André Marcelo Strogenski, titular da 1ª Vara Criminal, Júri e
Execuções Penais, por envolvimento em crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro, grilagem de
terra, agiotagem e fraude processual. Neste domingo (25), o Fantástico, da TV
Globo, mostrou os detalhes das investigações realizadas pelo Conselho Nacional
de Justiça, Corregedoria de Justiça do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e
pela Polícia Federal.
Segundo a reportagem, o
grupo, conhecido como “Liga da Justiça”, emitiu diversos documentos
fraudulentos, inclusive colocando áreas que já tinham dono como de suas
propriedades. E o esquema não foi descoberto antes porque o juiz responsável
por fiscalizar o cartório de registro de imóveis de Porto Seguro, controlado
por empresários da região, era Fernando Paropat, um dos envolvidos e afastados.
Com as fraudes,
Fernando Paropat, Rogério Barbosa de Sousa e Silva e André Marcelo Strogenski
passaram a ser donos de 101 matrículas de casas e terrenos em praias turísticas
e famosas do sul da Bahia, incluindo propriedades que já possuiam matrículas
anteriores vinculadas a seus reais donos. Além dos três magistados, as
investigações apontam o envolvimento do promotor Wallace Carvalho, empresários,
como Henrique Daumas Nolasco, apontado como operador do esquema, advogados e um
secretário do município.
Em uma dessas áreas que
passaram para a propriedade dos juízes, a “Liga da Justiça” está construindo um
condomínio de luxo. No loteamento chamado Arraial Costa Verde, cada magistrado
ficou com oito lotes.
A reportagem do
Fantástico mostrou ainda que, segundo o Conselho Nacional de Justiça, quando
foi publicada a informação da intervenção no cartório de registro de imóveis de
Porto Seguro, um funcionário foi flagrado por câmereas de segurança destruindo
a matrícula original de um imóvel. Outros tentaram levar embora caixas com
diversos documentos, mas foram flagrados pelas mesmas câmeras e também pelos
corregedores que chegaram ao local do momento exato da tentativa de sumir com
os papéis.
As investigações
apontam ainda que os magistrados também passaram a ser donos de terrenos na
Praia do Espelho, em Trancoso, e que o promotor Wallace Carvalho se tornou
coproprietário de um clube de tiro que funciona na propriedade de um empresário
protegido pela 'Liga da Justiça'.
Em relação à agiotagem,
o Fantástico revelou conversas entre os envolvidos. Em uma delas, o empresário
Henrique Nolasco fala de empréstimo de valores com Fernando Machado Paropat.
“Se o senhor tiver
talvez entre 30 e 50 mil naquele negócio daquela taxa a dois por cento pra mim,
se o senhor tiver é capaz de eu precisar”, diz Henrique.
Em outra conversa,
Nolasco cita Wallace Carvalho.
“Eu não tava querendo
mexer com o doutor Wallace porque o juro dele é maior, entendeu? Em torno de 3,
3 e meio, e lá no outro eu ia conseguir menos”, afirmou Nolasco.
Prints obtidos com
exclusividade pelo programa também mostram conversas de Henrique Nolasco com
uma servidora do TJ-BA.