Desde sua criação, há
quatro anos, a página “Gossipnep” expunha moradores de Nepomuceno, cidade com
22 mil habitantes. Enquanto muitos viam o perfil como um espaço de
entretenimento, para aqueles que eram alvo das postagens, como Natália, o
impacto era devastador.
Juliana Adonmiram, irmã
de Natália, desabafou sobre o sofrimento da jovem: “Eu achava que minha irmã
era forte, mas no fim não era. E ela ficava desesperada, ficava, inconsolável,
achava que ninguém gostava dela, que o cabelo dela era feio e muita gente sabia
que o cabelo dela estava deixando ela triste. Eles foram lá mexer no ponto
fraco dela”.
O advogado Higor Paz
explicou que postagens difamatórias, mesmo virtuais, configuram crime de
difamação, previsto no artigo 138 do Código Penal, com penas de três meses a um
ano, além de multa.
A investigação,
iniciada em janeiro, identificou três administradoras da página após denúncias.
Duas delas foram ouvidas e liberadas após o cumprimento de mandados de busca e
apreensão. As investigadas alegaram que criaram a página por tédio e para se divertir,
mas admitiram que o conteúdo postado saiu de controle.
A Polícia Civil ainda
ouvirá a terceira administradora, que não reside em Nepomuceno.
Marcelo Luiz Adomiram de Souza, advogado da família de Natália, pretende
acionar a Justiça com o apoio de outras vítimas, buscando penas mais severas.
Uma das investigadas
negou envolvimento nas postagens sobre Natália, enquanto outra admitiu
publicações antigas, mas não recordava a origem das mensagens. A Polícia Civil
continua apurando a origem das mensagens.
“Segundo elas, elas
estavam com tédio e resolveram criar uma página para se divertir. Uma delas
chegou até a usar o termo falar que era um correio elegante da internet. Então
elas falaram que o pessoal começou a mandar fofoca e elas resolveram postar. O negócio
foi saindo do controle e elas começaram a postar isso. Então chegou um ponto
que elas não tinham mais filtro e tudo que chegava ali era postado. Às vezes
elas recebiam algumas ameaças, chegavam a desativar a página, mas passavam o
tempo, o pessoal querendo fofoca, pedia, elas retornavam a página novamente”,
informou Bruno Bastos, delegado de Nepomuceno.
Raiane Mendonça, outra
vítima da página, criticou a demora na ação: “Precisou de uma morte para
agirem. São cinco anos de página e cinco meses de investigação. Espero que a
Justiça funcione e todas as envolvidas paguem.”
Juliana, irmã de
Natália, finalizou com um apelo: “Elas têm que pagar pelo que fizeram, serviços
comunitários não vão trazer minha irmã de volta.”
Os celulares
apreendidos passarão por perícia, e a investigação continua para identificar todos os
envolvidos.