O avião que caiu em
Vinhedo (SP), matando 61 pessoas, estava em uma condição de risco chamada
"parafuso chato".
Avião perdeu
sustentação e desceu girando até impacto com solo, segundo três oficiais da FAB
(Força Aérea Brasileira) ouvidos pelo UOL. Esta condição significa que o avião
desce rodando na vertical.
Situação é perigosa.
Para voar, é preciso que o ar que passa embaixo da asa seja mais veloz que o ar
que passa sobre a asa. Ou seja, a aeronave precisa estar se deslocando para a
frente (velocidade horizontal).
Estar em "parafuso
chato" significa que houve perda de sustentação e a recuperação é
complicada em baixa altitude. As investigações do Cenipa (Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) vão dar mais detalhes. Não
há prazo para a divulgação do relatório preliminar nem para publicação do
relatório final.
Vários fatores podem causar o "parafuso chato". Os oficiais que conversaram com o UOL preferiram não fazer prognósticos justificando que estariam entrando no campo da especulação.
Até agora se sabe que a
aeronave estava a 17 mil pés às 13h20. Passados dois minutos, o turbo-hélice
perdera boa parte da altitude e ficara a 4.000 pés. O sinal de GPS foi
interrompido na sequência.
O avião em questão era
um ATR-72. Havia 57 passageiros e quatro tripulantes no voo que partiu de
Cascavel (PR) e tinha Guarulhos (SP) como destino.
Foi o primeiro acidente
com a companhia VoePass desde que a empresa se chamava Passaredo. Havia 17 anos
que a aviação comercial não registrava um acidente com tantas vítimas.
O Cenipa revelou que as
duas caixa-pretas foram encontradas. Os equipamentos serão levados para
laboratórios do órgão para extração das informações.
O ATR-72 tinha dois
tipos de caixa-preta. Uma registrava as comunicações dos pilotos e outra grava
os dados da aeronave: velocidade, altitude etc.
Técnicos do Canadá e da
França vêm ao Brasil para ajudar nas investigações. É protocolo na aviação que
o fabricante da aeronave e de algumas peças ajudem no trabalho. Existe ainda a
possibilidade de as caixas-pretas serem enviadas para o exterior se houver
dificuldade de obter seus dados.
Boatos sobre gelo não
confirmados
O Cenipa não confirmou
nem negou que formações de gelo podem ter afetado o voo. O chefe do órgão,
brigadeiro do ar Marcelo Moreno, explicou que as informações meteorológicas
estão sempre disponíveis aos pilotos durante o planejamento.
Segundo os investigadores, não é possível apontar se o gelo foi ou não fator contribuinte para o acidente. O Cenipa ressaltou que a aeronave estava certificada a voar em condição de gelo.
Foi acrescentado que há
sistemas para evitar formação de gelo nas superfícies do avião. O modelo de
avião que caiu, ATR-72, voa em países em países de maior incidência de gelo que
o Brasil.
Pouso negado pelo
controle aérea não foi confirmado pelo Cenipa. Segundo relatos em redes
sociais, teria havido recusa em permitir a aterrissagem do avião em um
aeroporto alternativo. O órgão não confirmou esta informação.