Alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) por suposta participação em tentativa de golpe de Estado, o padre bolsonarista José Eduardo de Oliveira e Silva relatou em uma live, na noite dessa
quinta-feira (8/2), que não entregou a senha de seus equipamentos à PF porque
está “resguardado” pelo sigilo sacerdotal.
“Entreguei meus equipamentos sem a senha”, disse o padre em seu
canal do YouTube. “Não posso expor meus fiéis e as pessoas que me procuram”,
afirmou ele.
“Estou resguardado tanto pela lei
brasileira quanto por acordos internacionais e como sacerdote, meu sigilo
sacerdotal não pode ser violado”, disse.
As declarações ocorreram horas após a PF ter
apreendido o celular, o computador e o passaporte do padre, que é
pároco na igreja São Domingos, em Osasco, na Grande São Paulo. Ele mora no local e mostrou, no
vídeo, o escritório onde as buscas foram feitas.
Na transmissão,
que durou cerca de nove minutos, o padre disse que precisou fazer o vídeo com
equipamentos emprestados por terceiros. Já no Instagram dele, uma postagem
pedia um Pix de contribuição para que ele adquirisse novos aparelhos
eletrônicos.
Padre diz atender todos que o procuram
Acusado de
integrar o “núcleo jurídico” do grupo que supostamente articulava uma forma de
manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
no poder após a derrota nas eleições de 2022, o padre José Eduardo negou
ter colaborado com a suposta tentativa de golpe.
No entanto, ele
não desmentiu participado
de uma reunião no Palácio do Planalto, em novembro daquele ano, para
discutir o tema, e afirmou que é procurado por “muitas pessoas” para
aconselhamento espiritual.
“Como teólogo, como filosofo, muitas
pessoas me consultam no Brasil inteiro. Prefeitos, vereadores, deputados,
juízes, desembargadores, deputados federais, estaduais, senadores, enfim. Eu
atendo todas as pessoas que pedem meu auxílio espiritual porque essa é minha
missão.”
Segundo a PF, também participaram do encontro Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, e o advogado Amauri Feres Saad.
Martins foi preso pela polícia na mesma operação e, como relatado pelo Metrópoles, já foi chamado de “grande amigo”
por José Eduardo.
No início da noite de quinta, horas após ter sido alvo de busca
e apreensão da PF e pouco antes de iniciar sua transmissão no YouTube, o padre
deletou as fotos com Filipe e outros bolsonaristas de suas redes sociais. José
Eduardo está proibido de manter contato com os demais investigados e de deixar
o país.
“Minha consciência está tranquila. Sempre me
ocupei apenas com meus deveres sacerdotais, todos os meus posicionamentos em
demais questões são muito tranquilos. Não sou uma pessoa que gosta de polêmica.
Sempre estou dentro da minha posição sacerdotal”, disse o padre.