"Nós não vamos deixar uma pessoa do gabarito de Geraldo Alckmin se filiar sonhando com algo que possa não acontecer. Ele é muito qualificado, mas não vejo a menor chance dele ser vice do Lula pelo PSD". A afirmação foi feita na última segunda-feira (10), em uma entrevista exclusiva ao radialista e blogueiro Carlino Souza durante encontro no Aeroporto de Congonhas em São Paulo. Desde que se desfiliou do PSDB, após 33 anos no partido, Alckmin negocia sua filiação com foco nas eleições para 2022.
Ao analisar a possível chapa Lula-Alckmin, o presidente do PSD se posicionou contra as coligações nas eleições majoritárias. "Eu sou contra a coligação nas eleições. Trabalhei para que a gente acabasse com as coligações nas eleições proporcionais. E se a gente tivesse acabado com as coligações nas eleições majoritárias, a gente não estaria vivendo esse processo. Nós estaríamos discutindo propostas de governo, compromisso com a nação", disse.
Para Kassab, o foco das discussões agora deveria ser o aumento do distanciamento social causado pela pandemia. "É isso que a gente precisava ficar discutindo, não discutindo se vão apoiar fulano ou ciclano. Não é isso que o brasileiro quer saber, ele quer saber quando nós vamos melhorar o Brasil", avalia.
Se Kassab não quer, senadores e deputados consultados no período do último fim de semana rejeitam chegada de Alckmin. Um senador do PSD, em conversa com Carlino Souza revelou que o ex-tucano não transferiu votos e não trouxe ninguém do PSDB. Ele vem como? Absolutamente só?
Apesar dessas articulações e comentários nos bastidores de que o próprio Kassab estaria trabalhando para ser o vice em uma chapa petista, o presidente nacional nega firmemente a possibilidade. “Não. Essa possibilidade não existe, até porque teremos essa candidatura própria”, enfatizou, citando o lançamento do nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Pacheco é um quadro muito bem preparado. Uma carreira meteórica. Em sete anos ele se tornou deputado federal, senador. Tem trajetória política. Hoje é chefe de poder”, ponderou Kassab.
Na última pesquisa Ipespe, divulgada em 14 de janeiro, Pacheco aparece com 1% das intenções de voto, ao lado de Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe d'Ávila (Novo), com as mesmas porcentagens. A pesquisa aponta Lula com 44%, seguido por Jair Bolsonaro (24%), Sérgio Moro (9%), Ciro Gomes (7%) e João Doria (2%). A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
Kassab diz não ver o resultado da pesquisa como um problema. "Na minha campanha para eleição para prefeito de São Paulo, no mês de junho, eu tinha 3%, e eu ganhei as eleições do Geraldo Alckmin e da Marta Suplicy. Hoje, com os meios de comunicação ágeis, com as redes sociais, nós conseguimos mandar uma mensagem,uma proposta a todo o Brasil em um espaço muito curto de tempo", afirmou Kassab ao repórter do Conexão Verdade.
Futuro
Para a próxima legislatura, o presidente afirmou que será contrário à permanência das emendas do relator, que deram origem ao esquema Orçamento Secreto, divulgado pelo Estadão.
"Como é que pode você, como brasileiro, aceitar que o Congresso invista, gaste, mais de R$ 16 bilhões, no tal do orçamento secreto, que não tem nenhuma vinculação com o planejamento, o desenvolvimento do país? Alguma coisa está errada", disse. Além do orçamento secreto, o presidente do PSD disse que trabalhará pelo fim da coligação majoritária.