O ministro da Casa
Civil, Rui Costa, anunciou que o governo federal vai
retirar a concessão da ViaBahia para administração das BRs 116
e 324, duas das três principais rodovias federais que cortam o estado. O
anúncio foi feito neste sábado (21), durante um evento de campanha eleitoral
em Vitória
da Conquista, na região sudoeste.
Na ocasião, Rui Costa disse
que, ao assumir o ministério, houve uma revisão geral nos contratos feitos pelo
governo federal e, no âmbito dos transportes, foram analisadas as concessões de
rodovias.
Uma câmara de conciliação de
conflitos foi criada para lidar com as queixas contra as empresas e renegociar
acordos que estavam sem execução plena. Desse modo, foram detectados 16
contratos desta natureza com problemas no país, e o caso da ViaBahia foi classificado
como “um dos mais graves”. De acordo com o Ministério, entre as exigências que
não estão sendo cumpridas está a realização de obras, como a recuperação do
pavimento asfáltico e iluminação da pista.
Conforme Rui, a última
quinta-feira, 19 de setembro, foi o fim do prazo dado à ViaBahia para entrar em
acordo com o governo federal e estabelecer novas datas para o cumprimento das
medidas, o que não aconteceu.
“Não se chegou a um acordo.
Nós solicitamos, então, que a ViaBahia saísse, deixasse o contrato. Está
encaminhada essa saída. Ou seja, o governo vai retirar a ViaBahia da
concessão”, disse o ministro.
O caso vai ser submetido à
apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU), que vai homologar a decisão
final. Isso, porém, ainda não tem prazo para acontecer.
“Se o TCU entender justo e
acertado o encaminhamento para a retirada, a Via Bahia [...] sai em dezembro”,
completou.
Caso seja definida a suspensão
do contrato, o governo federal assumirá as obras e a gestão das rodovias em
2025, a fim de prepará-las para outro processo de concessão.
O g1 procurou a assessoria
da empresa, que não se posicionou a respeito e orientou que a imprensa procure
o TCU - órgão que já foi contatado pela reportagem.
Importância das rodovias para
o estado
A ViaBahia ganhou a licitação,
em outubro de 2009, para administrar por 25 anos o trecho de aproximadamente
680 quilômetros de ambas as rodovias. A cobrança do pedágio teve início pouco
mais de um ano depois, em
dezembro de 2010, após a realizaçao de algumas obras emergenciais.
A extensão sob
responsabilidade da empresa abrange 27 municípios, incluindo a capital Salvador, Feira de Santana, Jequié e Vitória
da Conquista.
A BR-324 liga Salvador até
Feira de Santana, maior entroncamento rodoviário do Norte/Nordeste brasileiro.
Diariamente, cerca de 245 mil veículos passam pelo trecho de 110 km que separa
as duas principais cidades do estado. Nesta região, há duas praças de pagamento
de pedágio: uma em Simões Filho e
outra em Amélia
Rodrigues.
Já a BR-116, na Bahia, é
administrada pela empresa no trecho sul, conhecido como "estrada
Rio-Bahia", a partir de Feira de Santana até a divisa do estado com Minas
Gerais. Em uma distância de 554,1 km, existem cinco praças de pedágio.
Esta região é caracterizada
pelo intenso tráfego de veículos comerciais e exerce um papel de integração
entre os extremos do país, já que a rodovia se estende por todo o território
nacional entre o Nordeste e o Sul.
Os
valores das tarifas foram reajustados, pela última vez, no fim do ano passado.
Atualmente, o preço cobrado para carros de passeios é R$ 6,10 na BR-116 e de R$
3,50 na BR-324. [Confira tabela completa abaixo]
Apesar disso, os motoristas se
queixam das condições das estradas, principalmente a BR-324, que não tem
iluminação lateral nem central, apresenta buracos e desníveis em todo o seu
trecho pedagiado, não tem acostamento e não apresenta sinalização adequada em
alguns pontos.
O que é concessão?
O contrato de concessão de
serviço público transfere a gestão e execução de um serviço do Poder Público
para particulares, através da celebração de um contrato assinado com o vencedor
de uma Licitação Pública.
O contrato da ViaBahia está sob fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e determina a instalação de praças de pedágio como fonte de arrecadação, além de citar as responsabilidades que devem ser seguidas conforme prazos estipulados para cada etapa.