A ex-BBB Adélia Soares,
advogada de Deolane Bezerra, teve papel em suposta associação com máfia chinesa
para operar jogos ilegais no Brasil, destrinchado pelo "Fantástico"
do último domingo (15). Segundo investigação, o grupo usou 546 CPFs falsos durante as transações.
Adélia foi indiciada pela Polícia Civil do Distrito Federal por falsidade
ideológica e associação criminosa. Ela estaria supostamente associada com
chineses para abertura de empresas de fachada, que utilizaram 546 CPFs falsos
nas transações financeiras. Apesar de Adélia ser advogada de Deolane, o nome da
ex-A Fazenda não é citado nesta investigação.
O delegado Érick
Sallum, que está à frente do caso, detalhou que entre os CPFs estão pessoas que
já morreram, crianças e nomes que nem existem. Ainda conforme a investigação
divulgada pelo Fantástico, em apenas 14 dias foram movimentados cerca de R$ 2,5
bilhões.
No caso, que agora está
na Justiça Federal, Adélia Soares teria aberto uma empresa para que um grupo
chinês pudesse operar os jogos ilegais no Brasil, a intitulada Playflow. As
investigações foram iniciadas após um funcionário de uma delegacia do Distrito
Federal ter R$ 1,8 mil transferidos para a Playflow em um golpe.
"Foram juntados
uma série de documentos de outras empresas estrangeiras, documentos não
traduzidos. Para uma empresa estrangeira funcionar no Brasil, há uma série de
regulamentações: o contrato precisa ser traduzido por tradutor juramentado,
apostilamento. Nada disso foi feito", explicou o delegado.
A advogada se defendeu
das acusações por meio de nota enviada à TV Globo Brasília: “As acusações
feitas contra ela são infundadas e que sofreu um golpe praticado por terceiros,
que utilizaram o nome dela de forma indevida e criminosa. E que ela está plenamente
ciente dos fatos mencionados e já tomou todas as providências legais cabíveis”.
Como funcionava o
esquema com a advogada de Deolane, segundo a Polícia Civil:
- Apostador entra no site de apostas, que
estava ligado à Playflow;
- Faz um pagamento via PIX para a aposta;
- A empresa repassava o pagamento para um
tipo de banco que, muitas vezes, não tinha funcionamento autorizado pelo
Banco Central;
- Esse dinheiro era enviado para uma casa de
câmbio e novamente repassado para fora do Brasil;
- Para os repasses, eram usados os CPFs
falsos e de pessoas que já morreram.
Como o nome da advogada
de Deolane foi envolvido na investigação?
A investigação sobre a
Playflow começou quando um funcionário da limpeza de uma delegacia da Polícia
Civil transferiu R$ 1.800 para a empresa e acabou caindo em um golpe de um site
de apostas.
Após esse episódio, um
membro de um grupo de chineses, que já estava sendo investigado, alegou que
Adélia era advogada do site de apostas. Quando a Polícia entrou em contato com
a ex-BBB, ela confirmou que era advogada do grupo, mas, ao ser questionada sobre
a propriedade da Playflow — como já havia sido comprovado pela investigação —,
Adélia negou conhecer os chineses e, em seguida, cessou a comunicação.
"Para Polícia
Civil, foi uma assunção de culpa, abertura do direito dela de apresentar o
contraditório e o exercício tácito do silêncio", afirmou o delegado Érick
Sallum, à frente do caso.